Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher remete a uma rica e complexa trajetória de luta por direitos e igualdade. Sua origem remonta ao início do século XX, um período marcado por grandes transformações sociais e econômicas, quando mulheres em diversos países começaram a se mobilizar por melhores condições de trabalho, direitos políticos e sociais.
A primeira celebração do Dia Internacional da Mulher ocorreu em 1911, após ser proposta em uma conferência da II Internacional Socialista realizada em Copenhague. O evento visava promover a igualdade de gênero e mobilizar mulheres para a luta por seus direitos. Naquele ano, manifestações foram realizadas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, atraindo a atenção para questões como o sufrágio feminino e a igualdade salarial.
A escolha da data de 8 de março é atribuída a um conjunto de eventos que culminaram na Revolução Russa de 1917, quando as mulheres russas decidiram paralisar suas atividades em um protesto por "pão e paz". Essa resistência culminou na abdicação do czar e, posteriormente, no reconhecimento do direito ao voto para as mulheres na Rússia.
Ao longo das décadas, as lutas femininas se expandiram e diversificaram, refletindo as realidades sociais de cada contexto. A década de 1960 e 1970, por exemplo, foi um período crucial para o movimento feminista, que conquistou avanços significativos em áreas como direitos reprodutivos, igualdade de salário e combate à violência de gênero. O surgimento de grupos de mulheres e a mobilização coletiva tornaram-se fundamentais para pressionar governos e instituições a reconhecerem e implementarem reformas.
Diversas mulheres se destacaram nessa luta. Nomes como Simone de Beauvoir, que com sua obra "O Segundo Sexo" provocou debates profundos sobre a condição feminina, e Malala Yousafzai, ativista paquistanesa que defendeu a educação de meninas, são representações emblemáticas do esforço contínuo por justiça e equidade. Além disso, ativistas como Marielle Franco no Brasil e Ruth Bader Ginsburg nos Estados Unidos continuam a inspirar novas gerações a lutar contra a opressão e por direitos iguais.
Embora muitas conquistas tenham sido alcançadas, os desafios persistem. A desigualdade salarial, a violência doméstica, o assédio moral e sexual e a sub-representação em cargos de liderança são questões que ainda exigem atenção e ação. Os últimos anos mostraram um ressurgimento da mobilização feminista, com movimentos como o #MeToo ganhando força e dando voz a inúmeras mulheres que enfrentaram abusos.
O Dia Internacional da Mulher, portanto, deve ser visto não apenas como uma data comemorativa, mas como um chamado à ação, um momento para refletir sobre os avanços conquistados e as lutas que ainda precisam ser travadas. É um lembrete de que a luta por igualdade de gênero é contínua e que cada passo dado é vital para construir um futuro mais justo e equitativo para todos. Em 8 de março, celebramos as conquistas, mas também reforçamos o compromisso com a luta que persiste.